CONHECENDO SEU PRÓPRIO NEGÓCIO!

Quando uma empresa cresce de maneira acelerada, frequentemente o gestor ou o dono do negócio, que antes ficava na linha de frente, agora tende a se afastar para cuidar da questão mais estratégica e administrativa do negócio, deixando um pouco o lado operacional. Estou assistindo um programa que se chama “Undercover Boss” ou “Chefe espião”, no youtube. Trata-se de um programa, em que o presidente da empresa, se disfarça e arruma emprego na própria empresa ficando em algum setor da operação do negócio.

É de uma riqueza sem tamanho essa experiência. Alguns presidentes de Fast-food jamais montaram um lanche, não sabem quanto tempo leva para montar, quais os ingredientes principais, como é a logística de entrega das mercadorias, como é armazenado, como é o atendimento ao cliente no front, enfim, não sabem nada sobre o operacional da empresa. Ficar na parte administrativa do negócio é de extrema importância, mas infelizmente nos distancia do dia-a-dia da empresa, não há pior maneira de gerir.

Em todos os programas que assisti, em TODOS, os presidentes e gestores aprenderam algo com os funcionários. Já escrevi antes sobre isso, mas vale insistir, escute seus funcionários, eles conhecem seu negócio e tem uma visão diferente do mesmo, uma visão que pode ser a saída para uma gestão bem sucedida.

Alguns líderes simplesmente perceberam que, o que era estabelecido pelo gestor, devido ao grande número de lojas e franquias, não chegava a ser praticado. Um exemplo era um presidente que estabeleceu que, produtos que não eram vendidos, ao invés de serem jogados fora, eram avaliados e levados para orfanatos e asilos para doação. O problema é que, isso não estava acontecendo, a pergunta é, isso é comum nos negócios? Falta de comunicação? Mais do que se pode imaginar, mas os presidentes e gestores simplesmente não sabiam que isso acontecia.

Outro ponto é com relação ao tratamento com o cliente, os gestores disfarçados, poderiam averiguar como o cliente era tratado. Alguns ficaram surpresos do quão bem eram tratados, outros quase estragaram o disfarce por não aceitar que o funcionário tratava tão mau um cliente.

O que aprendi é que, é muito fácil, quando se está na correria do dia-a-dia, de contas a pagar, a receber, de fluxo de caixa..etc..etc..se afastar do próprio negócio, onde acontecem o principal, onde nasce o processo que mantem a empresa, a se perde a oportunidade de ouvir quem esta ali, os funcionários, aprender com eles ou corrigir algum rumo que realmente precise.

Em Itaperuna, terra onde negócios passam de geração em geração, geralmente o dono do negócio está entre os funcionários, participando do dia-a-dia. Mas existem uns que, como possuem vários negócios, fica impossibilitado de fazê-lo, então eis uma oportunidade de aprender mais sobre o próprio negócio.

O ONTEM, O HOJE E O AMANHÃ!

Todo empreendedor, quando inicia seu próprio negócio, ou já se encontra “na estrada”, se depara todos os dias com esse “tripé”, ontem, hoje e amanhã. O que parece óbvio, na verdade nos presenteia com uma oportunidade de melhorar todos os dias. O ontem, nos auxilia a analisar o que deu errado e o que deu certo em um negócio, por exemplo: No dia de ontem, um cliente perguntou sobre determinado item, e eu não tinha em meu estoque(erro gravíssimo), no dia de ontem, um determinado ingrediente faltou em meu restaurante e deixei de vender um dos pratos com maior margem de lucro. Ontem um cliente elogiou o atendimento porque a atendente conhecia em detalhes o produto que apresentou.

Enfim, o ontem é importantíssimo, nos permite analisar os pontos fortes e fracos, corrigir rumos, acertar ou melhorar processos. Mas se não for dada a devida importância ao ontem, ele se transforma em mais um dia que passou.

O hoje, é o dia da mudança, o dia de fazer acontecer, o dia de por em prática o que o ontem ensinou. Hoje é o dia de rever seu processo de estocagem, para que não falte mais itens importantes em sua prateleira, hoje é o dia de treinar seus funcionários para que apresentem seus produtos ou serviços da melhor forma possível, hoje é o dia da ação. Hoje é dia de planejar, é o dia de melhorar o que aconteceu ontem, mas também de planejar o amanhã.

O amanhã é de extrema importância, infelizmente muitos só dão a devida atenção quando é tarde demais. Planejamento é tudo! Desde os primórdios o ser humano tem essa necessidade, saber o que vai acontecer, prever o futuro, daí o grande número de revistas enchendo bancas com a promessa de garantir com quem será seu relacionamento, como será, como será sua vida financeira, você será bem sucedido ou não..etc..etc..etc…tudo não passa de uma forma de preencher essa lacuna que insiste em nos fazer pensar, o que será que vai acontecer amanhã?

Um empreendedor não pode perder tempo no campo do imaginário, precisa colocar no papel, precisa fazer contas, diminuir ao máximo o acaso. Isso está longe de prever o futuro, mas ajuda bastante a enfrentá-lo. O amanhã é importante, precisa ser estudado, principalmente em tempo de crise.

Você empreendedor precisa lidar com bastante racionalidade com esse tripé, todo dia ensina algo, devemos estar atentos a aprender com ontem, mudar hoje para que o amanhã seja melhor.

AFINAL, QUAL É O PERFIL ECONÔMICO DE ITAPERUNA?

Desde muito novo, quando ouvia pessoas conversarem sobre o perfil econômico de Itaperuna, sempre me pareceu que, a agro-pecuária, era o “carro chefe”.Talvez, por naquela época, termos a famosa Leite Glória, a produção de leite e a criação de gado leiteiro era, de certa forma, um nicho rentável. Faz se necessário, nesse ponto, salientar que não pretendo insinuar de forma alguma que o setor não é rentável, existem pessoas que vivem muito bem com a produção de leite e a agricultura. O que quero dizer é que, agora, com dados em mãos, é possível vislumbrar que o perfil de Itaperuna está longe de ser agro-pecuário. Vejamos o PIB do município nos últimos 15 anos:

PIB_ITAPERUNA Essa é a relação do PIB dos últimos 14 anos(1999 a 2012) de Itaperuna por área. Pode-se constatar, sem muito esforço, que a prestação de serviços supera as outras áreas. No quadro abaixo, é possível analisar com mais assertividade o peso de cada setor no PIB total do município, vejamos:

RELAÇÃO_ÁREA_PIB_ITAPERUNA

Como é possível analisar no gráfico acima, por setor, na média, nos últimos 14 anos, o setor de serviços significa 49,6%, de todo o PIB municipal. Ou seja, quase metade da riqueza gerada no município vem da prestação de serviços. Não atoa nota-se o acréscimo significante de escritórios de contabilidade e advocacia na cidade, assim como imobiliárias, faculdades, infraestrutura hoteleira, academias etc…etc…

Em contrapartida, o setor agropecuário, em média, alcançou 2,6% do PIB municipal, ficando bem atrás de todas as outras áreas de atuação do município. Logo, é possível se dizer que, Itaperuna não é uma cidade com forte fator agropecuário, e, apesar de em 2005 e 2006, o setor industrial possuir um peso significativo no PIB, tal percentual não se manteve.

Itaperuna está se tornando um polo educacional, reforçando ainda mais o perfil supracitado, com cursos de grande valor agregado como engenharias, medicina(recentemente a Redentor conseguiu trazer mais um para Itaperuna), tecnologia da informação…etc..etc..criando um vasto estoque intelectual possibilitando o aperfeiçoamento e desenvolvimento local.

Para empresários, o perfil socioeconômico local está se desenhando com mais facilidade e, por conta disso, já é possível vislumbrar oportunidades para empreender com sucesso. Você empreendedor, antes de abrir ou investir em uma ideia, estuda qual o perfil da região que procura empreender?

PEDIR AJUDA NÃO É PROBLEMA, É SOLUÇÃO!

A maioria dos empreendedores que conheço, se tornaram empreendedores porque tinham muita expertise em determinado nicho. Em Itaperuna, posso afirmar que, a maioria surgiu por dois fatores: Ou é um negócio familiar, passado de geração em geração, ou já havia um vasto conhecimento em determinado assunto(por exemplo, pessoas que vendiam peças a anos, abriram uma revendedora, pessoas que sabiam quase tudo de material de construção, abrirão seu próprio negócio…) e assim, foi se formando o grande centro comercial e empresarial que Itaperuna está se tornando.

Acontece que, apesar de saber muito sobre o mercado, sobre pontos fortes e fracos dos produtos que comercializam, de conhecer os principais fornecedores e até possui uma boa carteira de clientes(vindos, provavelmente, da última experiência como empregado), não possuem um vasto conhecimento em gestão. Temos no Brasil um problema seríssimo com relação a informação. Se propusermos em algum lugar, estudar um determinado negócio, conseguimos informações de praticamente tudo, da maioria das organizações. No Brasil, se perguntarmos, para elaborarmos um estudo, quanto fatura uma determinada micro e pequena empresa, provavelmente o dono não irá passar essa informação, por considerar que, ao dar informação, estará perdendo algo, ou condenando seu negócio ao fracasso.

Isso não existe. Dar informações(obviamente de maneira profissional e para estudos acadêmicos de respeito), não é problema algum, porque trata-se de uma análise de tendências e não só de um negócio específico, mas enfim, essa é outra história.

O objetivo aqui é abordar o seguinte ponto, quando devo procurar ajuda? Quando devo pedir auxílio a uma pessoa que entenda ou supra uma deficiência que eu possuo?

Recentemente fui procurado por um empresário que, está começando seu negócio e como todos que começam, não podem gastar com sistemas muito caros, mas precisam controlar as coisas de maneira, no mínimo, coerente. Como tenho muito conhecimento em planilhas, prometi auxiliá-lo a criar controles que o ajudem a gerir se negócio. Gosto quando isso acontece pois, apesar de ter conhecimento no nicho em que se propôs empreender, decidiu pedir ajuda, decidiu suprir uma “deficiência”, antes que seja tarde demais. Isso é ruim? Claro que não, isso é ótimo! Ao perceber isso, o empreendedor está, na verdade, diminuindo a chance de uma mortalidade precoce do seu negócio.

É preciso controlar(vendas, estoque, entradas, saídas, receitas, despesas, projeções, metas…etc..etc…), e isso não é fácil, é difícil e complexo. Mas, é plenamente possível construir formas de controlar isso, e acompanhar de forma mais analítica o próprio negócio. Mas, é preciso pedir ajuda, achar que sabe tudo de tudo é se enganar e, infelizmente, comprometer o próprio negócio.

E você empreendedor, quando precisa adquirir um conhecimento que não possui, pede ajuda?

VOCÊ TEM UM PLANO B? ELE EXISTE DE FATO?

Certa vez, parei com amigos em uma lanchonete em Itaperuna(obviamente não citarei nomes por respeito aos empresários), mas aconteceu algo muito curioso. Ficamos alguns minutos esperando, quando fomos atendidos por uma moça simpática, mas esbaforida, aparentando estar assoberbada demais para dispender de muita atenção. Anotou nosso pedido e saiu como em um piscar de olhos.

Comecei a observar, gosto do dia-a-dia de qualquer negócio, uma empresa é um órgão vivo, mutável e extremamente dinâmico, por isso estudo com tanta veemência suas singularidades. Mais tarde, após todos estarem satisfeitos, pude notar que a dona do negócio estava ajudando aos empregados a anotarem os pedidos, efetuar os recebimentos, registrar no caixa…etc..etc…Não resisti, tive que perguntar o que aconteceu pois, nitidamente, eles(ela e os funcionários), não estavam atendendo a demanda e isso estava gerando problemas. Ela disse, com um olhar de extrema decepção: “Faltaram dois funcionários.”

Naquele momento, percebi o quanto é difícil gerir um negócio próprio, o quão se tem que abrir mão e suportar esse tipo de adversidade. Fui para casa pensativo, procurei no rol de literaturas com as quais tive contato, nos conhecimentos que absorvi, tentando encontrar uma resposta, ou simplesmente, responder uma questão que me pareceu bem pertinente: O que eu faria se estivesse no lugar dela?

Um empreendedor de renome, uma vez afirmou:”Estabilidade não existe!”. Essa frase não poderia ser mais pertinente. Ao contar com o quadro correto de funcionários, aquela empresária jamais poderia imaginar que isso poderia acontecer. Para o empreendedor, o negócio é um fluxo contínuo de acontecimentos. O cliente chega, é bem atendido, ele compra, agrade e sai. A medida do sucesso é, um cliente satisfeito, um serviço bem prestado e obviamente o reconhecimento, que no caso pode se expressar pelo benefício monetário, a empresa dar lucro. O problemas são os riscos inerentes ao negócio.

Faltar um funcionário em um horário de pico, é possível? A resposta todos sabemos, o problema é, qual é o plano B? E se ele faltar? E se o chef faltar na cozinha? Quem mais pode servir os mesmos pratos com tanta assertividade? É um risco, ele sempre vai existir.

No caso da lanchonete que frequentávamos, não havia o que fazer, simplesmente não havia saída. Não é possível manter “stand by” um funcionário para que, caso falte algum , outro faça com a mesma precisão seu serviço, é inviável financeiramente. Nesse caso, o melhor é tentar, ao máximo, dividir isso com os clientes e claro, tentar ao máximo se desculpar. Cliente nenhum é idiota, se a comida chegou fria, se o serviço não está adequado, se as coisas não estão indo bem, o primeiro a saber é o cliente. Esconder dele é chamá-lo de bobo, ou então é, no mínimo, dar-lhe a impressão de que o serviço é sempre ruim daquela forma, e o faz simplesmente desistir de frequentar o lugar, dar uma segunda chance.

Resumindo, é sempre bom ter um plano B. Mas as vezes, por mais que você pense, ele não existe, ou não é de fácil execução. Nesse caso, o ideal é jogar limpo.

E você, tem um plano B?